A leitura e a escrita, além de serem atividades cotidianas, também podem servir como instrumentos poderosos de transformação social e pessoal. Pensando nisso, o projeto “LiteraCURA: palavra que abre caminho” foi lançado para promover aprendizado, inclusão e diversidade entre internos LGBTQIA+ da Penitenciária de Segurança Média II (PSME II), em Viana.
Sob a coordenação da escritora e produtora cultural Kátia Fialho, o programa, iniciado em 21 de setembro, envolve 25 participantes em oficinas de leitura e escrita, utilizando como base a obra “Antes que seja tarde para se falar de poesia”, do autor LGBTQIA+ Tom Grito. Além disso, os internos contam com o suporte técnico de profissionais como a psicóloga Brunella Alóquio e a arte terapeuta Luzi Silveira. Ao final das atividades, está prevista a publicação de um livro com os textos produzidos pelos participantes, com lançamento programado para o segundo semestre de 2025.
Literatura como Ferramenta de Transformação
Kátia Fialho enfatiza a relevância do projeto para resgatar a autoestima e a dignidade dos internos. “A literatura e a escrita oferecem um meio de produzir sentido na vida dessas pessoas, ajudando-as a reconstruir suas identidades e fortalecendo suas histórias”, destaca.
Com sua experiência no premiado projeto “Elas por Elas: um lugar de (e que) fala”, realizado no Centro Prisional Feminino de Cariacica, Kátia acredita que iniciativas como o “LiteraCURA” também podem revelar novos talentos literários. “No passado, testemunhei como esses espaços podem acolher e fortalecer vínculos quebrados pela realidade do encarceramento. Vejo um potencial enorme para o surgimento de vozes literárias poderosas entre esses internos”, afirma.
Inclusão e Redução de Pena
O projeto surge como resposta às dificuldades enfrentadas pela população LGBTQIA+ no sistema prisional, muitas vezes marcadas pela marginalização e falta de recursos. Além disso, oferece a oportunidade de remição de pena por meio da leitura, conforme estabelece a Resolução 391/2021 do Conselho Nacional de Justiça.
A iniciativa foi aprovada no EDITAL SEG/SESD Nº 02/2024, sendo uma realização da Humaniza Brasil Desenvolvimento Pessoal e Profissional. A abordagem multidisciplinar do projeto inclui leitura, escrita e arteterapia, criando um ambiente acolhedor e transformador para os participantes.
O “LiteraCURA” reforça a importância de projetos educativos e culturais no sistema prisional, trazendo novas perspectivas para os internos e destacando o papel da literatura como ponte para o futuro.